Na TPM, até as cordas vocais ficam inchadas

30-09-2012 13:11

 

Há um sintoma audível entre as várias alterações que ocorrem na tensão pré-menstrual (TPM): as mudanças vocais.

 

A voz falha, treme, fica mais grave ou rouca - e essas variações não são simples reflexo de destempero emocional. Segundo pesquisa feita na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), há um sintoma audível entre as várias alterações que ocorrem na tensão pré-menstrual (TPM): as mudanças vocais.

A quartanista de fonoaudiologia Luciane Carrillo de Figueiredo, 23, começou a investigar o impacto das alterações hormonais nas cordas vocais femininas há dois anos. O projeto de iniciação científica, realizado com bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), concluiu que os distúrbios da voz (disfonias) são comuns nos dias que antecedem o início do fluxo menstrual e também nas 48 primeiras horas da menstruação. A causa é a diminuição dos níveis de estrógeno e progesterona.

"O inchaço que incomoda muitas mulheres na TPM também atinge as cordas vocais, e esse edema muda a frequência vibratória, tornando a voz mais grave", explica Figueiredo. Além disso, a alteração hormonal reduz a produção do muco que protege e lubrifica as cordas vocais, provocando outras mudanças na voz. "No período menstrual, as mulheres apresentam uma voz mais rouca, soprosa e instável, com muito ruído."

Segundo Maria Inês Rebelo Gonçalves, professora da Unifesp e orientadora do trabalho, é importante conscientizar as mulheres sobre esses problemas. "A maioria não percebe; nem as voluntárias que avaliamos tinham se dado conta das alterações", diz ela. O estudo foi feito com 30 estudantes de fonoaudiologia não-fumantes, sem problemas vocais ou hormonais e que não consumiam pílula anticoncepcional.

Gonçalves recomenda que as mulheres - principalmente aquelas que trabalham com a voz, como professoras e profissionais de telemarketing - tentem poupar a voz durante a TPM e o início da menstruação, pelo menos depois do expediente. Além disso, devem beber muito líquido, evitar ambientes enfumaçados e álcool e fazer exercícios de aquecimento vocal. "Um otorrino ou fonoaudiólogo pode dar a orientação necessária."

 

Fonte: Folha de São Paulo - 02/10/2003